Pilsner Tcheca no Lamas Brew Club

Estamos de volta ao continente onde nasceram a maioria dos estilos de cervejas que gostamo! E agora estamos na casa do estilo mais consumido no mundo! No 26º ciclo do Lamas Brew Club iremos para a República Tcheca desvendar os segredos da Pilsner Tcheca!

A maioria dos grandes sucessos carregam histórias de fracassos espetaculares. A história do estilo de cerveja mais famoso do mundo começa assim: barris de cervejas rançosas sendo despejados nas ruas da famosa cidade tcheca, Plzen (Pilsen), em 1839.

A produção cervejeira na Boêmia (atual República Tcheca), que eram Ales de cor escuras e turvas, passavam por sérios problemas de contaminação. Cansados da falta de qualidade das cervejas locais, os cidadãos fundaram a “Burger Brauerei” (Cervejaria dos Cidadãos).

O objetivo da cervejaria era produzir cervejas que nem as cervejarias da Bavaria (região da atual Alemanha), que fermentavam e armazenavam suas cervejas em caves: espaços no subsolo que mantem a temperatura bem abaixo do que a temperatura ambiente. Uma curiosidade é que a palavra Lager significa armazenar e vem justamente dessa técnica desenvolvida na Bavaria.

Para mudar de vez as cervejas produzidas, em 1842 o famoso cervejeiro bávaro Josef Groll foi contratado. Utilizando maltes com torra bem clara (graças a tecnologia inglesa, lembrem-se da importância da tecnologia para a evolução cervejeira), adição do lúpulo tcheco Saaz, a água mole (com poucos minerais) da cidade e, segundo diz a lenda, levedura contrabandeada de um monastério, Josef Groll produziu a atualmente famosa Pilsner Urquell – a primeira Pilsen do mundo.

O sucesso foi imediato. Cor dourada, límpida, fácil de beber. Ah, e tem um detalhe interessante. Na mesma época, os copos de cristal, produzidos na região, viraram moda e o quesito aparência ganhou uma nova relevância.

O estilo ganhou rapidamente o mundo, ganhando versões de todos os tipos. Atualmente, 90% da produção de cerveja de alguma forma, se originou dessa Pilsen produzida há quase 200 anos, com o objetivo de agradar os cidadãos da cidade.

 

Impressão Geral da Pilsner Tcheca:

“Uma lager tcheca rica, com muito caráter de malte e lúpulo, e com um final longo e arredondado. Complexa, mas bem equilibrada e refrescante. Os sabores de malte são complexos para uma típica cerveja tipo Pilsner e o amargor é forte, mas limpo e sem aspereza, o que dá uma impressão arredondada que faz com que seja fácil de beber.”

Técnicas Utilizadas na Pilsner Tcheca

Evitando a turbidez na cerveja: Uma das características mais marcante da Pilsen, sem dúvida, é sua coloração cristalina. Por mais que seja difícil chegar nela sem um filtro utilizado nas grandes cervejarias, podemos conseguir algo bem semelhante com uma longa maturação e evitando a turbidez do complexo PT (proteína-tanino).

Além de resinas amargas e óleos essenciais, a flor de lúpulo contém outras substâncias, uma delas são os Taninos (Polifenóis). Os taninos se ligam às moléculas de proteínas de tamanho médio-grande durante a fervura do mosto e formam o complexo PT, deixando a cerveja turva. Sabe aquela cerveja que estava linda no fermentador, super cristalina, você envasou e na hora de abrir, expectativa lá em cima, a cerveja estava toda turva? É graças a esse complexo de proteína e taninos.

Para evitar a turbidez, devemos fazer duas coisas: 1) Diminuir as moléculas de proteínas. Os maltes não têm moléculas grandes, isso só ocorre quando utilizamos algum cereal não maltado – nesse caso, sempre faça parada proteica desses cereais (flocos de aveia, flocos de arroz, trigo não maltado). 2) Reduzir a matéria vegetal na fervura, evitando que ocorra a formação do complexo. Para isso, utilizaremos um lúpulo com alto teor de alfa-ácido e adicionaremos os lúpulos de aroma no final da fervura. Se as proteínas não se ligam ao tanino durante a fervura, elas irão decantar e ficar no trub.

Como garantir uma boa fermentação: A maior dificuldade de fazer cervejas Lagers é, sem dúvida, a fermentação. Apesar de serem leveduras que preferem baixas temperaturas, o metabolismo delas é mais lento e podem liberar mais off-flavors do que as cepas que fermentam em alta temperatura.

Por isso, é importante garantir condições ideais para uma boa fermentação. Assim que inoculamos a levedura no mosto, ela começa uma fase muito importante que é a Multiplicação Celular – momento em que as células absorvem o oxigênio e os nutrientes do mosto para se multiplicarem, formando uma colônia grande, forte e saudável para conseguir fermentar todo o açúcar do mosto. Somente depois dessa fase, que dura algumas horas (antes de começar a sair bolhas do airlock), é que se inicia de fato a fermentação. Portanto, além de pensarmos na temperatura de fermentação, precisamos garantir:

– Aeração do mosto: ter oxigênio disponível para a multiplicação celular. O mais famoso entre os cervejeiros caseiros é chacoalhar o balde antes de inocular o fermento ou comprar uma bombinha de aeração ou ainda, um cilindro de oxigênio.

– Nutrientes disponíveis: para garantir todos os nutrientes de crescimento das leveduras, adicionaremos o nutriente Fermocel da AEB.

Repouso de Diacetil: O diacetil é uma substância que é liberada como subproduto em toda fermentação. Quando a fermentação é Ale, esse subproduto é reabsorvido pela levedura e degradado. Porém, em temperaturas mais baixas, essa degradação não ocorre. O diacetil é considerado um off-flavor para a maioria dos estilos e confere gosto de manteiga na cerveja. Para ajudar na degradação do diacetil pelas leveduras após uma fermentação lager, iremos elevar de 2°C a 4 °C nossa geladeira para eliminar esse off-flavor que não desejamos em nossa cerveja. Curiosidade: Existem outros motivos para a presença de diacetil na cerveja final: levedura estressadas, dosagem baixa de levedura, falta de substrato e contaminação microbiológica (pedioccocus).

Vantagens de Ser Assinante Lamas Brew Club

Fazendo parte do club, o cervejeiro sempre terá:

Receitas inéditas e completas para fazer em casa;
Desafios cervejeiros a cada ciclo do clube;
Análise sensorial da amostra de cerveja completamente grátis;
Descontos exclusivos no site e nas lojas físicas da Lamas Brew Shop na compra de insumos e equipamentos;

Participando do concurso, o cervejeiro tem a chance de concorrer a um Fermentador Cônico de Inox de 50L. 

E aí ficou curioso com essa receita? Veja como adquiri-la no site do Lamas Brew Club.

Fernanda Puccinelli Autor

Gerente de marketing da Lamas Brew Shop. Descobriu o universo da cerveja caseira sendo cobaia das primeiras cervejas dos Lamas. Se apaixonou de vez pelas artesanais depois de se mudar para os EUA. De volta ao Brasil entrou no grupo da Manada Lamas, sendo responsável não apenas pelas ações de Marketing como também pelas curadoria do Lamas Brew Club.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *