Estamos de volta ao berço das cervejas mais tradicionais do mundo, mais precisamente na cidade medieval de Düsseldorf, Alemanha.
É nessa cidade pitoresca, nas margens do Rio Reno, que surge um dos estilos históricos – escolhido como desafio do 23° Ciclo do Lamas Brew Club – a Altbier.
Atualmente a Altbier é conhecida mundialmente por apreciadores de cervejas artesanais. Há quem diga que ela é a cerveja perfeita. Não por ser a melhor cerveja que você provará na vida, mas por você aproveitar cada detalhe: a complexidade do malte balanceada com o amargor do lúpulo, uma cerveja com paladar limpo, mas não tanto como uma lager, nem tão encorpada, nem tão leve.
Para quem está apreciando um copo ou um mass de uma Altbier pode se encantar e acabar não pensando em quanto a cerveja evoluiu aos longos dos anos para chegar na bebida que somos apaixonados atualmente.
Para os cervejeiros de séculos atrás, a produção de cerveja era uma realidade totalmente diferente da atual – da disponibilidade e qualidade dos ingredientes, dos processos rudimentares, até às dificuldades de fermentação e armazenamento.
Altbier, por exemplo, significa “Cerveja Velha” e refere-se à velha forma de se produzir cervejas em temperaturas altas (temperatura ambiente), antes do surgimento das cervejas lagers e os métodos de resfriamento.
Agora imagina produzir cervejas, em grandes quantidades, com ingredientes de baixa qualidade, sem controle de temperatura? O que os cervejeiros da época faziam? Se reinventavam a cada dia para produzir uma cerveja melhor, e é graças a essa busca incansável por melhorias que hoje temos tanta tecnologia a nosso favor.
Olhar para o passado para agradecer o presente e melhorar o futuro, sempre com um copo de cerveja caseira na mão. Ein Prosit!
Impressão Geral do Estilo Altbier
“Uma cerveja alemã bem balanceada, bem atenuada, amarga, mas, todavia, maltada, limpa e suave, de cor âmbar a acobreado. O amargor é equilibrado pela riqueza de malte, mas a intensidade de malte e seu caráter pode variar de moderados a altos (o amargor é incrementado proporcionalmente à intensidade de malte).” (BJCP)
Desafios da Receita
Maltes Especiais: Falando em evolução da tecnologia cervejeira, quando você escolhe os maltes especiais para sua cerveja, você já se perguntou como eles surgiram e como era a cerveja antes deles? Ora, sem dúvida, antigamente as opções de malte eram escassas. O surgimento do malte torrado (malte black, chocolate, carafa) não tem uma data certa, mas já eram utilizados em 1700 na produção das cervejas Porter. Porém, no século 19 o consumo de cervejas escuras perdeu o lugar para as famosas Pale Ales (cerveja claras). Eis que surge uma necessidade: como dar sabor, cor, aroma e corpo para as cervejas claras? Qual ingrediente poderia ser adicionado para melhorar essas características? Provavelmente depois de muito teste, o mestre malteiro ou a mestra malteira descobriu que poderia assar o malte, conferindo sabores e cores diferentes – era criado o malte Crystal. Tanto o malte Crystal quanto o malte torrado são utilizados na Altbier para trazerem complexidade para a receita, com notas de caramelo e um leve residual de chocolate, balanceado com o amargor dos lúpulos nobres utilizados na receita.
Decocção: Decocção é um método muito antigo de mosturação, utilizado quando ainda não havia termômetros e o processo de malteação não tinha toda a tecnologia atual. O processo consiste em retirar uma parte do mosto durante a mosturação (normalmente 1/3) e, em uma panela a parte, ferver esse mosto. Ao ser fervido, o amido é quebrado de forma irregular e, ao retornar esse mosto fervido ao mosto principal, acelera a ação enzimática. Apesar de não ser necessário fazer a decocção hoje em dia, já que utilizamos maltes super eficientes com alto percentual de conversão, vamos seguir a tradição e nos desafiar na decocção.
Levedura com alta atenuação: mais uma vez nos deparamos com um problema dos cervejeiros antigos em fermentar boas cervejas e a solução dessa vez utilizada por eles era um longo período de maturação. A Altbier é mais um estilo de cerveja fermentado com leveduras ales a temperaturas menores (próximo dos 18°C). Além disso utilizamos uma levedura de alta atenuação. Já ouviu falar nesse termo? Atenuação nada mais é do que a metabolização (fermentação) dos açúcares do mosto pelas leveduras. Quando a levedura é de alta atenuação, significa que ela irá fermentar muito rápido todo açúcar fermentescível e sedimentar, diminuindo a quantidade de ésteres liberados como subproduto da fermentação. A baixa temperatura e a alta atenuação confere um resultado mais límpido para a cerveja, com menos ésteres que a maioria das ales (como uma tradicional Weizenbier).
Vantagens de Ser Assinante Lamas Brew Club
Fazendo parte do club, o cervejeiro sempre terá:
Receitas inéditas e completas para fazer em casa;
Desafios cervejeiros a cada ciclo do clube;
Análise sensorial da amostra de cerveja completamente grátis;
Brindes diferentes a cada ciclo;
Descontos exclusivos no site e nas lojas físicas da Lamas Brew Shop na compra de insumos e equipamentos;
Participando do concurso, o cervejeiro tem a chance de concorrer a uma Grainfather® (equipamento automático para fabricação de cerveja) que é sonho de consumo de muitos cervejeiros caseiros.
E aí ficou curioso com essa receita? Veja como adquiri-la no site do Lamas Brew Club.