Pois é…gostaríamos de fazer um post sobre uma Kolsch que fizemos ontem mas vamos deixar para outro. Há um tempo postamos uma dica de limpeza de therminator. E Therminator será a base deste post.
O Therminator , um eficiente resfriador de mosto de placas paralelas, é o desejo de muitos cervejeiros caseiros. Sem dúvida uma mão na roda na hora de resfriar o mosto para inoculação do fermento. Chega a ser mágico ver o seu funcionamento, ai sempre vem aquela pergunta : “Como uma pecinha deste tamanho resfria tão rápido o mosto? “. Em uma única passagem é possível sair de 100ºC para 30ºC em poucos minutos.
Antes de dizer os motivos que nos levaram a aposentar o nosso Therminator, vamos falar um pouco sobre seu funcionamento, que é bem simples.
Um Therminator é um trocador de calor de placas paralelas. Suas placas corrugadas geram uma turbulência muito grande no mosto o que otimiza o troca de calor de um meio para outro (no caso água). Trocadores deste tipo são largamente usados em indústrias alimentícias, e sua eficiência na troca térmica e tamanho reduzidos tornam seu uso muito prático.
Na figura acima vemos o esquema de um trocador. O nome “placas paralelas” vem do fato de sempre haver uma intercalação entre dois líquidos por par de placas, geralmente um quente (o que será resfriado) e um frio (o resfriante). Nesta figura vemos isso acontecer. O liquido quente (vermelho) entra nas placas corrugadas indicadas, mas não se mistura com o liquido resfriador (azul) que ocupa o espaço entre duas placas vizinhas ao liquido quente. Assim como em um chiller de imersão, onde a água fria passar por dentro da serpentina imersa em um liquido quente, o trocador de placas funciona de maneira análoga, porém a área de contato para troca térmica é infinitamente superior.
Uma pergunta que poderia surgir é: ” O liquido ocupa 100% dos espaços entre as placas?” A resposta, como bons físicos que somos é: “depende!”.
Se você garantir um regime turbulento pode ter certeza que o líquido passará por todas as áreas do resfriador. Mas ai surge outra pergunta: ” mas eu preciso ter um regime turbulento para resfriar?” Não…não precisa. Mas precisará para LIMPAR o resfriador !!!! E é aqui que mora o perigo.
Em indústrias com sistemas CIP (clean in place) de limpeza, eles garantem o regime turbulento injetando o líquido “limpante” (soda caustica aditivada a 65ºC ou água quente ou mesma água fria) com uma velocidade de 1,5 a 2 m/s, via bombas. Essa velocidade garante um regime turbulento e com isso a garantia que o liquido limpante passará por 100% da área das placas.
Ai vem mais uma pergunta: “Vocês estão exagerando, eu tenho Therminator e nunca tive problema”. O que pode acontecer é que após usar o Therminator, mesmo passando água para limpar (ou qualquer outro limpante) pela entrada do mosto, não é garantido que você acessará 100% da área das placas (se fosse tubular ao invés de placas, ai sim você garantiria).
Algumas dicas para tentar contornar:
1) NUNCA deixe para limpar o Therminator no dia seguinte da brassagem. NUNCA;
2) Circule o limpante da entrada pra saída e da saída para a entrada do mosto;
3) Use uma bomba. As de máquina de lavas ajudam. Liguem estas na potência máxima.
4) Limpeza não é sanitização. Sempre limpe, seguindo as dicas e na sequência sanitize (usando as mesmas dicas)
5) Na falta de bomba, circule o limpante sacudindo o therminator. Não é a melhor das situações mas ajuda.
6) Faça seu próprio Therminator, de forma que as placas não sejam soldadas e sim parafusadas. Com isso, poderemos limpar (de vez em quando) as placas isoladamente. Como? Nossa amigo Rafael Aquino mostra como fazer uma AQUI
Ai vem a última pergunta : “Mas o que aconteceu com vocês?”
Depois de anos fazendo cerveja, tivemos uma leva contaminada. Foi a primeira vez e claro que não queríamos que isso acontecesse novamente. Fomos isolando o problema até que chegamos no Therminator. Provavelmente após alguma brassagem regada a churrasco esquecemos de limpar o Therminator…ai nossos problemas começaram. Mesmo limpando bem (pelo menos achavámos que estava bem limpo) começamos a ver surger algo como se fosse um trub na saída dele, após um dia da limpeza com ele colocado na vertical a “coisa” ainda escorria. Fizemos uma limpeza pesada, com soda, bomba e tudo…mas algo cresceu dentro dele e agora ele tem vida própria :). Vamos leva-lo para uma limpeza CIP de verdade, mas depois desta lição não teremos os mesmo olhos para ele como antes.
Ficam estas dicas para quem quer ou já usa o therminator. É uma senhora ferramenta, mas exige ainda mais atenção nossa na hora da fabricação de nossa tão amada cerveja.
Comentários
ian
vou ficar com minha serpentina de cobre, bom saber abs.
Filipe
Um Contra fluxo de alumínio deve ser a melhor solução para o cervejeiro caseiro!
BRASINOS
Já aconteceu o mesmo problema em uma leva de 60l. Ampliamos muito o nosso cuidado com a limpeza e passamos a utilizar um filtro Y na entrada.
ROBSON CUNHA SP
GOSTARIA DE SABER SE POSSO COLOCAR A CERVEJA PARA MATURAR EM UM BARRIL DE CARVALHO DE SCOT, QUE CONTINHA CACHAÇA ARTEZANAL?
David - Lamas Bier
Robson, pode sim.
Alias fica muito bom!!!
Se tiver mais desses barris temos interesse em comprar.
[]´s
David