O bar Open Baladin é o campeão do chope artesanal da Itália, com 40 torneiras servindo diferentes tipos. O local reflete o boom da cerveja no país nos últimos 15 anos
Roberto Fonseca, ROMA – O Estado de S.Paulo
– “São uns loucos esses romanos.” A frase de Obelix, gaulês dos quadrinhos que se divertia estapeando legionários de César, cabe bem ao visitante que entra no Open Baladin. Inaugurado ontem no centro de Roma, o bar cervejeiro é o recordista em variedades de chope artesanal do país. São 40 torneiras servindo receitas diversas.
A título de comparação, o Frangó, um dos principais templos cervejeiros do Brasil, tem seis torneiras de chope, apenas duas de microcervejarias brasileiras. Em Porto Alegre, o Biermarkt trabalha com oito chopeiras, todas para micros nacionais e cervejas caseiras. A marca italiana, porém, fica atrás de alguns bares dos Estados Unidos, que têm mais de 50 tipos de chope.
A visão de quem entra ali é impactante. Perfiladas, as 40 torneiras cromadas lembram um antigo órgão de igreja. Nelas, porém, a “sinfonia” é outra: india pale ales com doses maciças de lúpulo, como a excelente Birra del Borgo Re Ale, barley wines densas e alcoólicas e até uma receita de inspiração egípcia, que leva mirra – a Baladin Nora -, enchem os copos dos frequentadores, vindas de 30 produtores artesanais italianos.
A ideia, segundo os idealizadores, é tornar o local um “retrato” da cena cervejeira do país, que vive um boom nos últimos 15 anos. Hoje, estima-se que existam cerca de 300 microcervejarias na Itália, contra pouco mais de 100 no Brasil. Outro reflexo do crescimento pode ser visto no Open na forma de garrafas, são mais de cem tipos, muitos expostos atrás das chopeiras, de forma inspiradora.
O Open nasceu da parceria de dois cervejeiros conhecidos na Itália: Matterino Teo Musso, que está à frente da badalada Le Baladin (uma micro situada na minúscula comune de Piozzo, em Cuneo, mas com fama internacional), e Leonardo Divincenzo (que comanda a Birra del Borgo em Borgorose, a 100 km de Roma).
Quem resiste à tentação de se debruçar sobre o balcão pode pegar o corredor à esquerda. No caminho, rápida vista da cozinha – sim, felizmente também há petiscos para degustar ali. Uma sala com luzes azuladas, frias, abriga os barris de chope em temperatura controlada, para aumentar sua validade. É o “centro nervoso” do Open.
Há um ambiente menor, dedicado às cervejas “convidadas”. No último dia 15, quando foi aberto a convidados – entre eles o Paladar -, o Open servia as estrangeiras La Trappe, trapista holandesa, e a belga Saison Dupont.
Se você ainda tiver forças – e equilíbrio para subir um lance de escadas -, vai pensar que deixou o bar sem querer. Há dois ambientes decorados como se fossem a “casa da nonna”, com móveis antigos e fotos de família em preto e branco.
Musso e Divincenzo pretendem repetir a experiência em Nova York em 2011. Mais imediata, porém, é a preocupação matemática de fazer “girar” 800 litros de cerveja periodicamente (com 40 chopeiras ligadas a um barril de 20 litros cada). Para essa tarefa, os donos do Open contam, além dos apreciadores de cervejas locais, também com a multidão de turistas que, até agora, prefere as birretas (equivalente italiano às cervejas industriais sem muita graça) italianas ou a irlandesa Guinness, favorita entre os britânicos.